domingo, 11 de janeiro de 2009

os olhos - Adoro -

Hoje, reescrevo um poema que me hipnotizou, de João Negreiros, que me conquistou à primeira frase.

os olhos

se um gesto me definisse seria o de te afastar o cabelo para te ver melhor o rosto que me

[enche de bravura

e só te vejo pelos meus olhos por serem os que te vêem mais bela

por isso os escolho sempre

tenho os olhos feitos à medida da tua cara

e só tenho olhos para ti

quando não estás sou invisível e quase invisual

a visão não me serve de nada

vejo mas sem cor e é pior que a preto e branco

é desfocado

é esbatido

e sem chama

e sem cheiro

contigo cheira bem

sabe bem

ouve bem o que digo porque é sincero porque se não fosse todo eu era falso

cada falso que há aí merecia cadeia ou morte

mas com os teus braços finos a fazer as vezes da corda que me serpenteia o pescoço

[para me matar de felicidade

e só te quero a ti

e só te vejo a ti como a última noite do Verão mais quente

com o céu mais estrelado

com a lua mais cúmplice

com os gestos mais carinhosos

e tiro-te o cabelo da frente com a ajuda da minha mão direita que só existe para isso

e vou para te beijar mas não o faço

hesito porque os meus olhos pediram-me que os deixasse olhar para ti mais uma vez

e eu deixo para eles não chorarem muito

in “a verdade dói e pode estar errada”


[by João Negreiros]

Um comentário:

Andreia disse...

Lindo... Nada há de mais sexy que os olhos... E nada me tira essa ideia! :)