quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A morte -

"A morte -dissera U Ba-não é o fim da vida.Faz parte dela."

Hoje fui a um funeral.
O dia estava frio, quando entrei na igreja senti-me reconfortada com o pouco calor e aconchego possível a uma igreja, num dia de funeral.
Percorro a igreja, como que guiada por uma força invisível, porque essa igreja, nesse momento, representa o último local onde quero estar. Percorro esse caminho até ao altar que outrora, (quem sabe???no dia anterior??) serviu de altar para um casamento. Mas hoje estás lá tu deposta. Continuo, seguindo a minha mãe até chegar junto dos familiares mais chegados da falecida.
Eis que chega o momento de dizer algo de reconfortante, fazer um gesto, um olhar, algo que possamos oferecer aqueles que neste momento sofrem mais intensamente. Como as palavras não saem, esforço-me por transmitir o melhor possível através do olhar e cumprimento cada um com um beijo em cada face.
Ao cumprimentar a minha prima, que estivera a chorar, sinto as suas lágrimas nas minhas faces, e eu que não chorava, sinto que as suas lágrimas se transformaram em minhas e que um pouco da sua dor se transferiu para mim.
Pelo caminho a pé até ao cemitério o frio, o vento, o desconforto volta a assomar-se de mim. Aconchego-me mais para a minha mãe, que se apoiou no meu braço desde que saímos da igreja.
Já no cemitério, olho para o buraco a que me habituei a ver tapado, o sol tímido tenta aquecer-me em vão, olho para os meus parentes e vejo a tristeza, o desespero, a revolta estampados no seu rosto, arrepio-me e volto a aconchegar-me na minha mãe.

"A morte -digo eu- não é somente o fim da vida. Faz parte dela."

28 de Outubro de 2008

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